Vocês da antiga, devem ter vivido a mesma situação, pois todos nós, naquela época tivemos a mesma experiência.
O Brasil sempre sofreu com o problema, dinheiro/moeda.
Principalmente moeda.
Dizem que a questão sempre foi “irresolvível”(sic), visto que, desde a implantação da poupança neste país, os cofrinhos entraram na moda… porquinhos, galinhas, patinhos, de ferro, de louça, de plástico, garrafas pet, caixas de marmelada, etc., e tal…
Não é à toa esta afirmação.
E a resposta está muito clara, ou seja, com o advento das poupanças em bancos, remuneradas, é claro, as pessoas e, muito mais as crianças, principalmente incentivadas pelos adultos, passaram a “sequestrar” do mercado as moedas, para fazerem o “pé-de meia”.
Sendo assim, o troco nos comércios tinham a capacidade mágica de sumir, e, ainda tem.
Para o comerciante, um “elefantinho” cheio de moedas para ser trocado, era e ainda é um oásis no Deserto de Saara.
Para os pais, na raridade de receberem moedas de troco, faziam a festa dos filhos e filhas, pois que ao chegar em casa, doavam para as crianças aqueles níqueis e, o destino era mais do que certo: os cofrinhos.
Em uma época da economia brasileira, ter a sorte de achar uma moeda no chão, valia a pena, no entanto, em tantas outras, abaixar-se para juntar uma moeda não era nada recompensador, pois que poderia gastar muito mais o valor daquela moeda do chão, com remédios na farmácia para uma dor nas costas.
Vai dizer que não?
Daí que me ocorreu uma história aqui na nossa Encruzilhada do Sul, onde o personagem principal era um senhor muito conhecido, que viajava seguido para a Capital do Estado, pela necessidade da sua profissão.
Ele era habitual nos guichês da rodoviária municipal, praticamente todas as semanas.
Sem sombra de dúvidas o tempo era de poupar, poupar, poupar, cofrinhos, cofrinhos, cofrinhos…e não tinha moeda cunhada pelo Banco Central do Brasil que chegasse a tempo.
Não é preciso salientar que elas, as moedas, eram muito raras.
Então, não só na rodoviária municipal, mas também era prática em todo o comércio, e não só daqui, mas em todas as cidades, o troco dado não em moedas, mas em balas.
Sim, caramelos, balas de hortelã, de tutti-frutti, de mel, de goma ou seja lá o que tivesse à mão.
Se a passagem fosse, por exemplo, R$ 39,90 e o passageiro entregasse R$ 40,00, recebia como troco uma ou mais balas de hortelã, pelos R$ 0,10.
E foi assim por um muito bom tempo.
Quarenta pila da passagem, duas ou três balas de troco, porque dez centavos não existiam.
Tudo bem, sem problema nenhum e esse nosso amigo nunca reclamou.
Todavia, também não era nenhum perdulário.
Num belo dia, como tinha que viajar mais uma vez para a Capital do Estado, não teve nenhuma dúvida…aproximou-se do guichê na rodoviária municipal e comprou a passagem…
– R$ 39,90, prezado doutor! – disse o funcionário da rodoviária.
Nosso amigo, com muita tranquilidade, abriu uma sacola que carregava em sua mala e, junto ao guichê, “derramou” balas, muitas balas, um “peso” de balas, que chegaram a tomar conta de todo o balcão da rodoviária.
O funcionário ficou apavorado.
Não sabia nem o que dizer e muito menos o que fazer, todavia, eram as balas que ele dava como troco e, portanto, era dinheiro, ou melhor, valiam as balas como moedas.
Foi quando o nosso “doutor” lhe disse:
– Não se preocupe, meu amigo, eu tenho o tempo todo, desde que o ônibus” não saia para Porto Alegre e me deixe aqui, para o senhor contar as balas.
– Mas, para lhe ajudar, lhe adianto: estou trazendo-lhe aí, exatamente 399 balas, pode contar!
– Fico no seu aguardo.
-:-
AGENDA
Esta coluna contém informação, opinião e flagrantes da vida real.
Direitos Reservados na Lei 9610/98