As queijarias gaúchas bateram recorde de premiações na sexta edição do Prêmio Queijo Brasil: foram 15 ouros, 24 pratas e 17 bronzes, totalizando 56 medalhas. Dentre os mais de mil queijos inscritos, participaram da premiação 92 queijos gaúchos, provenientes de 24 queijarias de todas as regiões do Estado. Este ano, o concurso nacional foi realizado em Blumenau, de 7 a 9 de julho.
A Casa da Ovelha, de Bento Gonçalves, foi escolhida entre os medalhistas ouro para a “Seleção Queijista”, lista de apenas dez queijos eleitos por um painel de especialistas de todo o Brasil. Das 15 medalhas de ouro conquistadas por produtores gaúchos, três foram para queijos serranos, quatro para queijos coloniais e as demais para queijos autorais ou finos.
Vencedora da medalha de ouro pelo queijo serrano com maturação de mais de cem dias, Elaine Pelizzari é proprietária da Queijaria Pelizzari, junto com o marido Celso, no município de Bom Jesus. Com apoio de mais dois auxiliares, o casal trabalha com leite de gado de corte para produzir queijos, a uma taxa de oito quilos por dia. “Nossa produção é de agroindústria familiar e essa foi nossa primeira participação no concurso. Até então, eu não esperava a gente ser premiado em um concurso deste porte. Para nós, produtores rurais, esses concursos são um meio de ter nosso trabalho reconhecido”, comenta.
Outro vencedor da medalha de ouro foi o queijo Flor, produzido pela Fazenda Três Montes, de Triunfo, a partir do leite de vacas Jersey criadas em pasto livre. “Conquistamos medalhas em outros concursos com queijos mais curados. Agora, estamos conseguindo prêmios com queijos de mofo branco, como o Flor”, conta o proprietário André Monte. O Flor é um queijo macio, baseado numa receita de camembert. “Ele tem todas as características de manufatura, sabor e equilíbrio de um queijo artesanal”, completa.
Com uma linha de queijos autorais feitos a partir de leite de ovelha, o Terroir da Vigia, de Santana do Livramento, conquistou seis medalhas em sua primeira participação no concurso: duas de ouro, duas de prata e duas de bronze. Na categoria ouro, foram premiados os queijos Etchêkoa e Balido.
“O trabalho do queijeiro consome tanto, não temos fim de semana, feriado nem férias, e acabamos ficando muito isolados. O evento foi uma oportunidade única de troca entre produtores e especialistas. As premiações nos deixaram muito felizes, mas também com muita vontade de melhorar”, conta a proprietária do Terroir da Vigia, Graciela Bittencourt.
O médico veterinário Danilo Gomes, da Regional Caxias do Sul da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), participou como jurado e palestrante. “Dependendo do resultado de cada queijo, podemos ter um impacto desde as questões zootécnicas, sanitárias, até as econômicas, sociais e culturais para algumas regiões e municípios. Teve gente que esteve por desistir de tudo e uma medalha em um concurso anterior significou ficar com sua família no campo e ampliar seu negócio”, avalia.
Conforme Danilo, a participação dos queijos gaúchos em concursos nacionais é uma forma de receber feedback qualificado do produto, com indicação de pontos de melhoria em matéria-prima, técnica ou nas boas práticas de fabricação. “Tem sido notável o aumento da qualidade dos queijos artesanais brasileiros e o Prêmio Queijo Brasil serviu para referendar isso. Nossa experiência neste evento serviu principalmente para ver o potencial dos queijos gaúchos para conquistar o paladar nacional”, conclui.