Por iniciativa do deputado Marcus Vinícius (PP), a direção do Grupo Equatorial Energia CEEE-D compareceu à Comissão de Segurança e Serviços Públicos do Parlamento, em audiência pública nesta manhã (23), para apresentar seu “Plano de 100 dias” no Rio Grande do Sul. “É a primeira vez que temos a oportunidade na Assembleia Legislativa de reunir a nova gestão desta empresa, tão importante para o estado”, disse o parlamentar, explicando ter tido conhecimento de uma série de obras e investimentos programados.
O presidente da CEEE Grupo Equatorial, Maurício Velloso, agradeceu a oportunidade e, por cerca de uma hora, discorreu sobre o perfil, a trajetória e os planos do grupo no país e detalhou investimentos de curto, médio e longo prazo previstos no estado. “A entrada na CEEE foi muito importante para o Grupo Equatorial, porque pudemos diversificar o nosso portfólio, saindo um pouco das regiões Norte e Nordeste”, disse.
Segundo o executivo, o estado também saía ganhando com os investimentos previstos, especialmente em tecnologia e inovação, e os recursos que viriam por ganho de eficiência, que a CEEE, por uma incapacidade de fluxo de caixa, não usufruiu. “Para se ter uma ideia, durante a pandemia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) está capturando todos esses recursos que não foram utilizados a tempo, e eles voltam para motricidade tarifária”, disse, explicando que teriam de devolver cerca de R$ 200 milhões que poderiam estar sendo utilizados em benefício do consumidor gaúcho.
Porém, alguns benefícios haviam sido imediatos, segundo ele, a partir da aquisição da empresa pelo grupo, como o pagamento em dia do ICMS. “É importante entendermos a situação em que encontramos a companhia”, disse. “Havia um endividamento que beirava R$ 8 bilhões, ela estava há vários anos sem pagar ICMS, e era uma situação extremamente delicada, tanto que a ANEEL começou a abrir o processo de caducidade da concessão, que foi suspenso pelo processo de mudança do controle acionário”, continuou. “Então é uma companhia que precisa de muitos cuidados e investimentos, com alto índice de despesa operacional”.
Quanto à qualidade do fornecimento de energia, medido por indicadores como o tempo médio e a frequência com que o consumidor ficava sem energia, disse que o estado ocupava hoje o último lugar no ranking da ANEEL, posição que já havia sido ocupada pelo Pará, antes de ingressarem naquele estado. “Temos o mesmo desafio que enfrentamos lá no Pará e queremos fazer com que o estado saia da última posição para uma à altura do que a sociedade e o consumidor do Rio Grande do Sul merecem”.
O superintendente técnico Júlio Elói Hofer complementou a apresentação destacando as obras em andamento no Rio Grande do Sul:
- Nova subestação na zona norte de Porto Alegre, atendendo a 120 mil pessoas, com investimentos de R$ 18,8 milhões e previsão de conclusão em 2022;
- Subestação Salso, em Santa Vitória do Palmar e Chuí, atendendo a 36 mil pessoas, com investimentos de R$ 8,5 milhões, também com previsão de término em 2022;
- Área central de Porto alegre, com 80% da obra já executada, a ser finalizada em outubro deste ano;
- Obras em Tramandaí, a ser concluída em outubro, e Torres, a ser concluída em dezembro, com investimentos de R$ 407 mil e R$ 1,89 milhão, respectivamente;
- Obras em Atlântida Sul, com conclusão prevista para novembro e investimentos de R$ 233 mil;
- Obras em Dom Pedrito, com conclusão prevista para outubro e investimentos de R$ 630 mil;
- Reforço de rede em Santa Vitória do Palmar, com conclusão prevista para dezembro;
- Obras para atendimento à zona urbana de Jaguarão, com conclusão prevista em 2021;
- Obras em Sertão Santana, com conclusão prevista em 2021.
Acolhimento
Ao término da exposição, dirigentes empresariais, prefeitos e vereadores parabenizaram a empresa e fizeram perguntas. “Continuem na linha em que vocês estão, porque nesses primeiros 100 dias já se fez quase tudo que a CEEE não teria feito em seis anos”, disse o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS (Fecomércio), Leonardo Schreiner.
O diretor e coordenador do Grupo Temático de Energia do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Edilson Deitos, disse que a indústria estava de portas abertas para implementar programas de eficiência energética no setor industrial, o que era ainda mais importante em um momento de ameaça de crise hídrica como o atual.
O conselheiro da Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Osvaldo Guazzelli, parabenizou a empresa por “identificar necessidades e de imediato propor soluções”.
O prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Rodrigo Massulo, disse que a apresentação havia sido muito esclarecedora e somou-se às manifestações positivas, destacando a agilidade da iniciativa privada no processo. Em seguida, questionou o presidente sobre uma demanda específica do município a respeito da capacidade de abrigar empresa que havia manifestado interesse em se instalar no local com uma demanda de 7 megawats ao dia.
Também a prefeita de Balneário Pinhal, Márcia Tedesco, descreveu situação no seu município, onde um conjunto de moradores necessitavam de fornecimento de energia. Pediu para ser atendida em uma outra oportunidade a fim de detalhar o assunto.
O vereador Mateus Romera, de Barão do Triunfo, perguntou sobre a execução de serviços de manutenção e limpeza, como a poda de árvores, enquanto o vereador Daniel Oliboni, de Minas do Leão, pediu atenção a pleito já encaminhado por ofício à companhia a respeito de quedas de luz recorrentes.
O proponente da audiência, deputado Marcus Vinicius, quis saber sobre investimentos previstos nas zonas rurais, especialmente a Região Sul, com localidades distantes dos grandes centros, nas quais se verificavam quedas de energia freqüentes. Também perguntou sobre como se daria o atendimento presencial da empresa.
Em resposta ao deputado, os representantes do grupo explicaram que havia o atendimento ao consumidor e ao poder público. Sobre o atendimento ao consumidor, afirmaram que, ao assumirem o controle da empresa, haviam encontrado situações de impedimento judicial de abertura de agências por conta da pandemia, mas que a situação já havia sido resolvida, com exceção de casos pontuais, e que o atendimento presencial – próprio ou terceirizado – era uma exigência.
Sobre o atendimento ao poder público, disseram que no caso da indústria com interesse em investir em um município, ela teria que procurar a Equatorial e quanto mais rápido o fizesse, mais rápido poderiam lhe dar uma resposta. “É de interesse da empresa o atendimento a todos os clientes”, disse o presidente, assegurando que nos casos referidos já encaminharia um consultor para discuti-los.
Em relação à poda de árvores, disseram tratar-se de um item muito importante e que investiam em tecnologia e reforço das equipes. Quanto às quedas de energia, explicaram que trabalhavam com medidas de curtíssimo, curto e médio e longo prazo e que entre as primeiras estavam as de automação de serviços, que possibilitavam, por exemplo, um conserto a distância, sem a necessidade do deslocamento de equipe, de forma mais rápida. Entre as medidas de curto prazo, citaram uma “manutenção mais assertiva” e, entre as de médio e longo prazo, a reconstrução de redes, as quais já estavam em andamento.