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PILOTO ALUCINADO…

        Tem coisas que ficam em nossas memórias, que nem o passar do tempo é capaz de apagar.

        Uma delas é a casa de nossas avós.

        Falo particularmente em “casas de nossas avós” porque, infelizmente, a vida me reservou muito pouco tempo de convivência com meus avôs.

        São aqueles percalços em nossas caminhadas e que, muito me faz pensar de como teria sido a minha vida se, pudesse e tivesse a oportunidade de ter convivido com os pais de meus pais.

        O quanto de sabedoria e de exemplos de vida eu poderia ter depreendido, alcançado, conhecido e que, com toda a certeza seriam aplicados durante minha adolescência/amadurecimento?

        Parafraseando/adaptando Desiderius Erasmus, filósofo renascentista holandês, diríamos: A primeira fase do saber é amar nossos avós…e ouvi-los.

        Sem sombra de dúvidas…

        E, as casas das avós foram e sempre serão os nossos paraísos, mesmo porque, e ninguém pode negar, não que tenham sido, pois em muitas ainda são, um território só nosso, dos netos e netas, isso lá é verdade.

        Sim, digamos que era, para nós e somente para nós…um território sem leis…sem leis no bom sentido, é claro, pois que sempre era possível “um olhar de que nem viram…”, um “aqui na casa da vó, pode”!

        Os netos são os filhos adocicados…

        Pois na casa da vó tinha muitos brinquedos, mas não os brinquedos convencionais, carrinhos e bonecas…não, decididamente não.

        Tinham árvores no quintal para fazermos de conta que éramos o Tarzan, para as gurias terem uma casinha em seus galhos, tinham tapetes para brincarmos de se puxar pela casa com assoalhos muito bem encerados e brilhantes, tinham banheirinhas de latão (para as mães darem banhos em seus nenês), que fazíamos de nossas piscinas…guerra de bolinhas do cinamomo, esconde-esconde (esconderijo mais comum era embaixo das camas) …e assim por diante.

        Poderia continuar citando mais uma dezena de peraltices na “casa da vó” (o espaço é restrito), mas faltou uma brincadeira…o “piloto alucinado”.

        Quem nunca “dirigiu” seu veloz bólido, “sua barata”, no quarto de costuras da vó?

        Voava a imaginação e, uma das melhores estava “nas pistas de corrida”, onde corríamos GPs disputadíssimos e, com certeza, éramos os grandes vencedores.

        Que saíssem da frente cadeiras, camas, armários, que portas se abrissem e, muito embora a máquina de costura não se mexesse nem um milímetro, mas estávamos dirigindo nossos sonhos…alucinadamente…

        Até podíamos ser simples motoristas nas ruas de nossas cidades, mas a ideia mesmo era ser um grande piloto de Fórmula1, tal qual Graham Hill ou Jackie Stewart.

        Tenho certeza de que foram momentos inesquecíveis e, que hoje, vendo o que vi, me trouxe saudosas lembranças.

        Como assim?

        A foto que eu vi nas redes sociais e que junto está nesta crônica, vai desvendar o mistério e jogá-los ao mundo das fantasias…

        Vai dizer que não?

        Pois então, sonhem seus sonhos felizes, porque não se paga nada para sonhar…