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“PINDURA!” 

         Eu sei que muitos de vocês devem estar dizendo, exatamente no momento que leram o título acima:

-Bah! Mas o cronista não sabe nem escrever…o certo é “pendura”!

         Todavia eu quis apenas soletrar a palavra no modo campeiro, que é para trazer à baila, a expressão bem mais “familiar”, se é que me entendem…

         Pois bem, alguns de vocês talvez não saibam de onde surgiu a expressão” pindura aí prá mim!”

         Pois que, veio lá das bodegas do interior e, com o passar do tempo chegou nos armazéns das pequenas cidades e, até naqueles estabelecimentos familiares e comerciais dos bairros das urbes grandes…

         A bem da verdade, o que veio mesmo das bodegas no interior do nosso querido Rio Grande do Sul, foi a expressão: “bota aí no prego, vivente”!

– Tchê, “loco”, isso quer dizer a mesma coisa que “pindura aí, patrão”!

         Então e, portanto, “pindura é a mesma coisa que, colocar no prego”.

         Estamos entendidos?

         Mas, e vocês: sabem como surgiu tal expressão?

         Pois vou lhes contar…

         Naquele tempo…nas bodegas do nosso folclórico interior, era de onde as pessoas tinham para se socorreram de alguma coisa que faltava nas fazendas ou chácaras (sítio é uma expressão que foge um pouco das agruras do homem do campo), como por exemplo um saco de farinha, um quilo de feijão ou arroz, uma erva-mate…ou até uma cachaça.

         O vivente ou, geralmente o piá, que era o guri de mandalete, era quem atirava um pelego no lombo de um petiço e, pelo pedido da dona da cozinha, se mandava prá bodega para trazer o “faltante”.

         Como era muito seguido às compras, normalmente o pagamento sempre ficava para o fim do mês, donde saía o sustento da casa (um gado vendido, uma ovelha carneada, ovos comercializados na cidade, um “papagaio” no banco…).

         Um dia eu volto aqui para contar para vocês porque se diz “um papagaio no banco”.

         Então, depois das compras feitas e enfiadas na “mala de garupa”, vinha a tradicional frase: “põe no prego, seu Aldenor”!

         Isso porque “naqueles tempos” ainda não existiam as tais das cadernetas (muito comum nos armazéns das cidades) nas bodegas de corredor de estrada e, o bodegueiro, seu Aldenor, então anotava às compras num papel “encerado e pardo” (lembram?) e tacava num prego da parede.

         Era o tal negócio: o vivente não tinha “plata” para o “sortido” e, então, pedia para o bodegueiro anotar suas compras que pagaria no fim do mês…e lá iam as anotações para o “prego na parede”.

         Isso era “botar no prego”.

         Ou, como se diz corriqueiramente, num dito muito original, também: “Pindura aí, seu Aldenor!”, que nada mais era do que “pindurar” no prego.

         E lá ficavam as contas do “sortido” enfiadas num prego da parede da bodega, ou, “pinduradas” …até que fosse possível “se fazer um dinheiro” …no fim do mês…

         Que coisa linda esse nosso Rio Grande, tchê!

         Vai dizer que não?