AGENDA

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O início de um projeto em parceria com a excelente artista Gisele Sperb…criadora deste lindíssimo exemplo da arte abstrata que ilustra esta coluna.

“Uma casa no campo” – 2024
Nanquim sobre papel de algodão
Releitura da crônica de @krretta “Eu quero uma casa no campo”, de 27/09/2021.

Ao amigo,
Que este emaranhado de linhas te leve a “tua casa no campo”, tal como a tua escrita nos carrega até o teu pensamento.

Gisele T.s.

EU QUERO UMA CASA NO CAMPO.

…do tamanho ideal, pau a pique e sapê…
…que eu tenha somente a certeza dos amigos do peito e, nada mais…
Para quem não sabe, esta é uma canção composta por Jose Rodrigues Trindade e Luiz Carvalho e, eternizada na voz de Elis Regina, só isso e, nada mais…
Coisa insólita como a vida nos encaminha para certas mudanças de atitudes, que vimos e vivemos em nossos pais e, hoje, chegam aos nossos dias.
Buscamos incessantemente a nossa paz (na dita vida útil que dizem e propalam, pois já nos apelidam de uma geração que foi, mas hoje nada mais é, a não ser, caminhantes com seus dias já vividos…e contados, além de estarmos “sentados num trono de um apartamento… esperando a morte chegar…”.
Queremos sim uma casa no campo, do tamanho da paz…
Esta adorável e venerada imensidão serena da paz, é reconfortante para a alma e o coração, principalmente quando podemos olhar para trás e dizer: “eu vivi”!
Thyago um dia me recitou: “Digam em altos brados que vivi, que fui o mais honesto e honrado dentre os valores que aprendi, digam em altos brados que vivi, e que cumpri à risca o que todos esperavam de mim e assim eu existi… Digam em altos brados, que eu vivi.”
“… eu quero o silêncio das línguas cansadas…eu quero a esperança de óculos e os meus filhos de cuca legal…”
Sinceramente? Eu não me importo que digam que já cumpri a minha missão, porque acho que cumpri mesmo, aliás, continuo e vou continuar cumprindo e, exatamente dentro dos preceitos que me foram parâmetros em todos os meus passos, pois foi assim que aprendi desde menino.
Morrer ou não, é uma questão da Vontade Divina, que ninguém tem o poder de decidir e, enquanto a vida nos é permitida, seguir em frente e dentro de nossos valores, assim será feito e satisfeito.
Isso é mais do que especial, diria sensacional.
Ou seja, olhar lá para trás e ver que escrevemos uma história, que deixaremos bons exemplos, que vivemos exatamente dentro dos mandamentos que nos ensinaram, realmente não tem preço.
Não temos mais a intenção de que tudo isso mude…deixem os carneiros e as ovelhas pastarem na serenidade do alpendre de nossas casas de campo, na paz de nossos sorrisos.
A mansuetude do dever cumprido nos remete a tudo isso.
Estamos no tamanho da paz.
…eu quero uma casa no campo, onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais…
São os momentos divinos, onde nos encontramos com as saudades, com as belas lembranças, os velhos tempos, aqueles mesmos que o novel viajante se entedia, mas que são os regeneradores da brisa leve, a brisa da nova vida.
“…, mas trago de cabeça uma canção do rádio em que um antigo compositor baiano me dizia, tudo isso é divino, tudo é maravilhoso…”
Não estamos mais aí para decidir e nem para resolver, estamos muito mais para viver, principalmente o que plantamos, eis a verdade absoluta de tudo aquilo que fizemos.
Cora Coralina disse: “Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma”.
Muito embora todos os contratempos que sofri, começo a estar em paz comigo mesmo.
É a minha alma que sussurra, na brisa leve da paixão que vem de dentro…
“Quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que não quero mais dramas, conflitos ou estresses…
Eu simplesmente quero um lugar calmo para viver, um bom copo de vinho e pessoas boas para compartilhar humor…”
Eu quero uma casa no campo, a minha alma do tamanho ideal, meus amigos do peito, ouvir meus discos, ler meus livros, escrever meus devaneios…e nada mais.