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A IDADE DO CONFORTO 

        Muito difícil vocês me encontrarem por aí, nos bares da vida, como antigamente, quando era inevitável à noite e suas nuances.

        São tempos outros.

        A verdade nua e crua é que este tal de tempo passou e, as boas madrugadas ficaram e estão somente na saudade.

        A gente vai ficando acomodado, essa é uma das boas razões, e, também vamos adicionando manias que muitos de vocês vão dizer que “é coisa de velho”.

        Sei lá, com os meus sessenta e cinco anos não me considero tão velho assim, mas com manias e acomodado, isto sim, com toda a certeza.

        E sabem o porquê?

        Não está mais no meu cardápio filas para se entrar numa casa noturna, em um restaurante, boate ou coisa parecida, ou ter que durante a semana reservar mesas por antecedência, pois se corre o risco de lá chegar e a casa estar lotada.

        A música bate-estaca então, é coisa que está muito longe de mim e a sertaneja, só as carimbadas e que são muitas, por sinal.

        O bom mesmo, e existem centenas de “playlists”, é a MPB de barzinhos, que foi, é e sempre será o que mais agrada aos ditos “velhos”.

        O tradicional “sambinha”, por exemplo e, se incluírem um Beatles, Creedence, The Queen, Celine Dion e alguns outros poucos, então, seria o suprassumo da noite em um barzinho ou restaurante, até mesmo num aniversário ou um jantarzinho “Petit Comité”.

        O melhor de tudo isso são as festas que não precisam de reservas ou filas, que se pode escutar o que as outras pessoas estão falando e não se precisa gritar a noite inteira, que tenha um ambiente agradável, climatizado de preferência, e amigos de verdade para descontrair e dar risadas.

        Longe, muito longe de acontecimentos que precisam de um mapa ou um guia para se chegar, o que não é o nosso caso aqui “nas” Encruzilhada do Sul, mas na Capital do Estado ou no interior de outras cidades isso acontece e muito.

– Te esperamos para um churrasquinho, domingo ao meio-dia, na nossa chácara!

        Só que a chácara é onde o diabo perdeu as botas, porque onde perdeu as meias é logo ali, 10 km de distância…

        Sair de casa hoje em dia requer certas garantias e, que, em algum contratempo você possa se levantar, pagar a conta e ir embora, tranquilamente, sem ter que dar satisfação a ninguém.

        Sair de casa requer certas garantias, ou seja, que a “casa” tenha bebidas geladas, uma boa carta de vinhos, petiscos consagrados e, um “a la carte” que faça você desejar uma boa janta, na hora que lhe convier, que seja até na madrugada.

        Sair de casa requer que o local tenha um estacionamento e que a gente não precise dar voltas e voltas para deixar o seu veículo e, que não precise fazer um “Cooper” para se chegar ao local.

        Sair de casa requer que a “casa” escolhida tenha bons garçons, que eles sejam cordiais e te atendam com muito boa vontade, presteza e que a cozinha sempre esteja pronta aos seus pedidos.

        Sim, esta é a idade do conforto, é querer transferir, praticamente, a sala de sua casa para um restaurante ou barzinho e, se deixar escolher nestes tempos de inverno, desejar uma lareira com um bom fogo por perto.

        Já estamos vivendo outros tempos e já escrevi isto aqui: a população principalmente do RS, está envelhecendo, portanto, e, isto requer uma certa astúcia com estratégias, os proprietários das casas noturnas e restaurantes, precisam imediatamente mudar as suas atitudes e as suas políticas…se quiserem ter um público assíduo e prazenteiro, ou seja, feliz.

        Tenho dito.