AGENDA l Gerenciar riscos

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  Não era, sempre foi um amor incondicional.

  Aquela história de almas gêmeas, sabe?

 De sempre terem estado juntos em todas as existências, metade da laranja, namorados eternos, parceiros, unidos, um casal perfeito na acepção da palavra.

         Nesta vida, lá estavam eles juntos, novamente, como deveria ser, e se encontraram, e namoraram e queriam casar…

         Tudo e todos concorriam para a exatidão do casal.

         O tempo veio, o tempo passou e o namorado, na ânsia de concretizar e coroar aquele amor verdadeiro, certos que foram feitos um para o outro, achou que já era tempo de noivar.

         Afinal de contas, para um casamento perfeito, o noivado era uma etapa que não poderia ser pulada de maneira nenhuma.

         E a surpresa? A surpresa seria a cereja do bolo, pois era fundamental para dar um tempero a mais naquele lindo e maravilhoso sonho.

         Às escondidas, o futuro noivo pesquisou entre as casas do ramo (joalherias), as mais bonitas e cintilantes alianças que poderia haver, pois que a ocasião, o motivo, e o futuro assim exigia.

         Valor? Nunca foi o problema, tendo em vista o que representaria na vida daqueles dois enamorados eternos.

         Mais certo estava de que o investimento daria sim um toque a mais na ocasião, e, melhor ainda, teriam uma joia para coroar um sentimento inigualável que nutriam um pelo outro.

         E, aconteceu, pois foram escolhidas as mais lindas alianças que havia naquele momento a disposição no mercado.

         Linda atitude.

         Afinal de contas, seria um instante de raríssimo esplendor…

         Tudo acertado, tudo combinado, tudo imaginado e decorado, e, para transparecer normal e sem trair a intenção, o futuro noivo escolheu (e planejou) um encontro casual na esquina da rua na qual, eles trocaram um olhar pela primeira vez.

         Romântico.

         Ela haveria de lembrar, pois que este momento ficou eternizado naquele namoro, e que ora chegava ao momento de um compromisso maior, o noivado.

         Para que o plano não desse errado, ele até treinou o tempo e o número de passos que deveria dar, para, quando ela passasse exatamente na esquina, eles pudessem se encontrar, quando naturalmente se olhariam, se beijariam e o pedido seria feito romanticamente.

         Verdadeiramente, o amor é lindo.

         Imagina você agora, mulher e enamorada, recebendo um pedido de casamento de seu amado naquele lugar só de vocês dois, olhos nos olhos, mão com mão, um terno abraço e um longo beijo de plena felicidade?

         …coração dispara, as pernas tremem, os olhos brilham, é o amor…

         E, como planejado, aconteceu.

         Ela vinha caminhando distraidamente por aquela rua, e, ele observando-a de longe, iniciou seus passos em sua direção, dando a impressão de naturalidade, se esbarraram…

         Trocaram olhares, sorriram um para o outro e, quando ela tentou balbuciar algumas palavras, ele lhe entregou na mão que estava para trás, um lindo e estonteante ramalhete de rosas vermelhas.

         Estavam exatamente na esquina da rua, no fio da calçada, no mesmo lugar que alguns anos atrás estiveram, e que se olharam, e que sorriram, e que se enamoraram…

         Então, ele olhou profundamente nos olhos dela, que brilhavam intensamente, retirou do bolso um estojo de veludo também vermelho, e agarrando de sua mão, encostou aquela magnífica aliança que reluzia no sol, não só o seu brilho, mas todo aquele encanto, todo aquele amor, aquele sentimento sublime e, com a mão trêmula de intensa emoção, deu-se a tragédia…

         Deixou cair à aliança no chão, que rolou pelo fio da calçada e matematicamente sumiu no bueiro imundo da rua…

         O plano foi todo por água abaixo, justamente porque o noivo não soube gerenciar os riscos…

         E você, em seus planos, gerencia riscos…na sua empresa, no seu trabalho, na sua casa, na rua, na fazendo ou numa casinha sapê?