Alta no preço dos combustíveis vai se espalhar para outros setores da economia

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O aumento do preço dos combustíveis não é novidade para o consumidor, pois nos últimos meses o valor da gasolina, diesel e gás de cozinha vem oscilando com frequência. No entanto, a última elevação da Petrobras causou espanto para muitos consumidores devido ao aumento de quase 60 centavos na gasolina e quase 90 centavos para o diesel nas bombas dos postos de combustíveis.

Para explicar o atual cenário, o Portal Arauto conversou com o economista e professor do Departamento de Gestão e Negócios da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Heron Sergio Moreira Begnis. Ele explicou que os preços do petróleo que se mantinham abaixo de US$ 80 o barril desde o final de 2014 estão atingindo seus maiores níveis históricos chegando a US$ 120 o barril, apesar da redução do ritmo da atividade econômica mundial por conta da pandemia de Covid-19. Outra situação que torna mais caro o valor do petróleo é a guerra entre a Ucrânia e Rússia. “Os bloqueios econômicos determinados como sanções ao país invasor, que é um dos maiores exportadores mundiais, acrescenta-se que a Rússia é o principal fornecedor de petróleo para os Estados Unidos e de vários países europeus. Por essa razão os preços internacionais se manterão em ritmo de elevação enquanto perdurar o conflito e as sanções à Rússia”.

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Para o economista, embora o Brasil seja um dos dez maiores exportadores de petróleo, os preços desta commodity são determinados no mercado internacional. “Portanto, o preço dos combustíveis continuará subindo no Brasil e há grande possibilidade de escassez do produto”, alertou.

Com o aumento dos combustíveis, os impactos no bolso do consumidor serão maiores, pois afetará o valor do frete, que encarece os demais produtos que compramos em supermercados, lojas e outros, por exemplo. Heron Begnis disse que a rede logística do país é quase que exclusivamente baseada no transporte rodoviário, menos eficiente em termos de consumo de combustíveis. “É importante considerar que o óleo diesel, que move as máquinas agrícolas, tem elevado impacto sobre o custo de produção de alimentos de matérias primas agrícolas, reforçando os aumentos de preços desse setor”.

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Ele destacou que o petróleo é matéria prima básica para a indústria petroquímica, a qual é responsável pela produção de várias matérias primais industriais que entram na composição das embalagens ao produto final, como tecidos e fibras para a indústria têxtil, garrafas pets de bebidas, borrachas, plásticos, cosméticos, produtos de limpeza e até mesmo remédios e defensivos agrícolas. “Não há muito como escapar destes aumentos. É preciso rever hábitos de consumo e evitar desperdícios. Uma boa alternativa é comprar diretamente de produtores locais sobre os quais o componente do custo de transporte tem menos impacto”, orientou.

Sobre uma possível piora com constates aumentos, tanto dos combustíveis como de outros produtos, o economista alertou que, devido à guerra, o cenário pode vir a piorar. “Isso pode acontecer, especialmente se o conflito avançar no tempo e envolver outros países”.

Fonte: Portal Arauto