Da terra à lua, e além, muito além

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Por Sérgio Schoroeder

Meu avô viveu entre 1903 e 1988. Sua infância foi num tempo em que não existia automóvel, luz elétrica, esgoto, telefone e poucas cidades possuíam água encanada. Viu todos esses equipamentos modernos serem criados e utilizados. Mais ainda, viu, pela televisão, homens pisarem o solo da Lua. Eu pensava, admirado, que a geração do meu avô testemunhou as maiores transformações que a sociedade produziu em toda a sua história.

Para mim, que olhava com admiração aos inventos do inicio e meio do século XX, tudo já havia acontecido. Nada poderia ser superado. Engano. Minha geração, que vem dos anos 1960, está assistindo a uma transformação jamais imaginada: as comunicações mudaram radicalmente, saímos do telegrama para o que vemos hoje.

Quando criança, eu até poderia imaginar uma caixinha que transmitisse a imagem de quem fala para o interlocutor. Mas não poderia imaginar, e não lembro de ninguém da minha geração que pudesse imaginar, o que é a internet. Nem mesmo seu criador poderia imaginar o que está acontecendo hoje em dia.

A internet entrou no ar nos anos 1990. Inicialmente era para ser como uma grande biblioteca, onde principalmente artigos científicos pudessem ser armazenados. Hoje, é quase maior que o mundo. Qualquer pessoa, desde que possua uma caixinha mágica dessas e pague um acesso, pode saber de tudo o que acontece no mundo, quase que instantaneamente.

A pessoa recebe uma informação e pode ler, ouvir, ver. Porque alguém esteve no lugar e contou, ou gravou um determinado acontecimento. Como fonte de notícias, a internet e esses aparelhos mágicos estão matando o papel. Não se vêem mais as grandes revistas que marcaram a minha geração: Manchete, Cruzeiro, Veja, Isto é, apenas para citar algumas. E está, também, chegando a vez dos jornais. A internet é muito mais rápida. Enquanto se imprime uma informação, ela já viajou mil milhas nos meios eletrônicos.

É preciso que a gente se atualize. Todos os grandes jornais estão criando plataformas eletrônicas. Como o nosso 19 de Julho, o mais lido e comentado, que agora apresenta a sua. Tempos modernos, soluções atuais.

Agora, a razão de tudo. Se os fatos estão aí para todos, via internet, é só pegar um celular e filmar, então para que jornal? A resposta é fácil, simples, embora não óbvia. Para chegar a essa resposta, precisamos saber porque surgiram os jornais. Para moralizar a fofoca. A fofoca é, em si, a mãe da notícia. É informação pura. Mas pode ser maldosa, mentirosa, fake News, tendenciosa, e tantas osas mais. O jornal verdadeiro informa, traz a verdade do fato. Além disso, o jornal traz notícias da comunidade, da sociedade, o jornal também traz histórias bem contadas. Enfim, jornal não é o papel, é a história. E como história, precisa evoluir, se adaptar, atualizar. Como a sociedade.

Sabe-se lá o que vem por aí. Em cem anos, criamos motores, eletricidade, comunicação sem fio, internet. Muito rápido, mas muito mais virá, muito mais coisa para contar aos que virão. Tudo é notícia, tudo é jornal.