Dia Mundial do Doador de Medula Óssea: novos tratamentos podem ser decisivos para viabilizar o transplante

0
430

No dia 19 de setembro é celebrado o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. Pacientes com leucemia precisam estar aptos a receber o tratamento, que pode significar a cura.

Celebrado em 19 de setembro, o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea é uma importante data para comemorar e reforçar o papel que doadores ocupam na jornada de tratamento dos pacientes com leucemia. O transplante da medula óssea (TMO) pode significar a cura para diversos casos, incluindo a leucemia mieloide aguda (LMA), um dos tipos mais graves da doença. Com rápida progressão, a LMA pode acometer pessoas de diferentes idades, sendo mais comum em adultos¹, especialmente em idosos acima dos 60 anos. Isso significa que o paciente pode apresentar doenças associadas que adicionam morbidade à LMA, dificultam o tratamento e, eventualmente, a realização de um transplante. Com a chegada de novas opções terapêuticas para o paciente, o processo pode se tornar mais seguro.

“A LMA é uma doença grave e de rápida progressão, que geralmente requer uma abordagem terapêutica imediata, em poucos dias após o diagnóstico. Na fase inicial do tratamento, chamada de indução, o paciente recebe uma quimioterapia que pode ou não ser associada a um tratamento oral, dependendo do estado geral do indivíduo. A quimioterapia utilizada é intravenosa e requer hospitalização, sendo um tratamento agressivo para um paciente que muitas vezes já está bastante debilitado. Os medicamentos atingem não somente as células cancerosas, como também as células normais do indivíduo, causando efeitos colaterais com sérios impactos na saúde do paciente, especialmente naqueles que já possuem alguma comorbidade” afirma a Dra. Elisângela Ribeiro, gerente médica de Onco-Hematologia da Astellas Farma Brasil.

Após a indução, vem a fase de consolidação, sendo o TMO uma das opções terapêuticas desse momento da jornada do paciente. Para que o TMO aconteça, o paciente passa por um tratamento também intensivo chamado condicionamento, que ajuda a acabar com as células tumorais e impede que o sistema imunológico do receptor ataque as células doadas². Assim, o indivíduo poderá receber o novo tecido, rico em células chamadas progenitoras, que se alocarão na medula do paciente e, posteriormente, poderão gerar novas células não cancerígenas.

“Cerca de 50% dos pacientes idosos (>60 anos) são refratários à quimioterapia inicial (quimioterapia de indução). E ainda, cerca de 50 a 70% dos pacientes recidivam após atingirem a remissão completa, ou seja, as células doentes voltam a aparecer³. O tratamento da LMA não teve novidades durante cerca de 40 anos. No entanto, nos últimos 4 anos, houve uma evolução considerável nas opções terapêuticas disponíveis, incluindo aí a terapia-alvo” afirma Dra. Elisângela.

A terapia-alvo é um tipo de tratamento que usa drogas para atacar especificamente as células cancerígenas, provocando pouco dano às células normais e gerando menos efeitos colaterais⁴. Diferentemente da quimioterapia, que é injetável e necessita de suporte hospitalar, a terapia-alvo para LMA consiste em medicamentos orais, que facilitam o manejo do paciente e podem ser administrados com tranquilidade em casa. “Por esse motivo, é importante que o paciente e a sua base de apoio sempre conversem com o médico sobre os caminhos possíveis para o tratamento. Hoje há tecnologia disponível tanto para aumentar as chances do paciente chegar ao TMO como também tornar o caminho menos penoso ao paciente e à sua família”, afirma a Dra. Elisângela.

O impacto da pandemia de COVID-19 na doação de medula óssea

O Brasil conta com mais de 5 milhões de doadores cadastrados⁵ e, apesar do número parecer alto, as chances de que um paciente encontre um doador compatível é de uma em 100 mil⁶. Atualmente, a média é de 850 pessoas à espera de um doador não aparentado. Além disso, por conta da pandemia de COVID-19 e do medo de sair de casa e se contaminar, o número de cadastros de doadores despencou nos últimos dois anos⁵. Foram cerca de 291 mil em 2019, em 2020 o número baixou para 229 mil e, até o momento, o número de cadastros de novos doadores em 2021 conta com uma média de 107 mil pessoas.