Dor de barriga

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Quem nunca teve uma?

Tenho um amigo meu que é especialista neste assunto.

Só para vocês terem uma ideia, quando ele vai viajar não faz o roteiro da viagem em si, mas o roteiro de onde vai ter banheiro.

Incrível.

Ou seja, as estradas são mapeadas por banheiros.

É sair de casa e a barriga já ronca.

Não é fácil para ninguém.

A dor de barriga não avisa e, quando chega, chega junto com uma escola de samba em pleno carnaval da Sapucaí: abram alas que ela quer passar!

Não tem hora, não tem lugar, não tem espera, é já, e agora.

Às vezes… às vezes ela dá um tempinho para o incauto procurar um refúgio, mas isso é só às vezes…

E tem as mais diversas situações em que o vivente se mete.

Outro amigo meu viajou num domingo de verão para Pelotas (essa história eu já contei aqui), depois de um lauto churrasco na sua casa.

Foi sentar no banco do ônibus e a coisa começou a se manifestar.

Lá no Vau dos Prestes já estava com a pele arrepiada.

Todos que já passaram por esta situação, e são todos mesmos e muito mais do que imaginamos, sabem o que é uma pele arrepiada quando se está com dor de barriga.

Pois o cara não quis pedir para o motorista parar, aguentou até em Pelotas (não sei como), mas ao chegar no portão da sua residência na Princesa do Sul, escorregou num limo, e, bom… camisa, calça, cueca, meias, sapatos, tudo inutilizado.

Salvou-se a correntinha de Santa Bárbara.

Mas, como eu disse, as situações são as mais variadas que existem.

Tem os que acham de imediato um banheiro e pensam estar com sorte, mas quando a esmola é demais o santo desconfia, e, depois de aliviar o intestino já todo dolorido, vira-se para o local do papel higiênico, e simplesmente ele não existe.

A pressa era tão grande que o necessitado nem olhou se tinha munição para a guerra.

Isso é muito comum acontecer.

E agora? O que se faz?

Nota Fiscal que porventura possa estar nos bolsos, talão de cheques, lenço, e, em último caso (e sempre é o último caso), as cuecas…

Já a mulher é mais precavida e carrega lencinhos umedecidos na bolsa.

Ela diz que é para limpar a maquiagem, mas, por ser inteligente e acautelada, seguramente que pensa em outras coisas.

As mais solícitas e prestativas, que sempre pensam no próximo, ou na próxima, carregam para emprestar para as amigas.

São muito queridas…

E tem a vez em que tem banheiro perto, tem papel, e que está tudo em ordem, mas, ao findar o ato, não tem água… daí você está num restaurante, na casa de um conhecido, ou em um barzinho apertado e que a porta dá exatamente para o salão das mesas… sim, não adiante procurar que o balde não faz parte da mobília.

Nesta situação, corriqueiramente o assobio é o seu aliado.

Quem nunca viu alguém sair do banheiro assobiando… tenha certeza que algo aconteceu.

Outro dia me contaram que um indivíduo estava em uma recepção, e a maldita da dor de barriga se apresentou a ele.

No ambiente só havia o lavabo, e todos sabem que o lavabo faz parte da parte frontal da casa.

Não teve dúvidas e, foi ali mesmo no lavabo, sabendo que ao abrir a porta depois, a coisa ia ficar feia.

Mas a coisa foi pior, pois tinham esquecido de colocar o maldito ou bendito do papel higiênico no lavabo.

Resumo da ópera: sabem aquele tapetinho felpudinho, bonitinho, comprado a peso de ouro para enfeitar o chão dos banheiros… só deixou o tal tapetinho virado do avesso, deu um safanão na mulher e saiu porta a fora…

Todos sabem bem o que uma dor de barriga é capaz de provocar, e nem adianta virar o nariz, porque é comum, é humano e é corriqueiro…

E também não é fácil.

“Somos insignificantes. Por mais que sejamos cautelosos e criativos, a qualquer momento tudo pode mudar”.

Chico Frouxo