EU QUERO UMA CASA NO CAMPO…

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…do tamanho ideal, pau a pique e sapê…

…que eu tenha somente a certeza dos amigos do peito e, nada mais…

         Para quem não sabe, esta é uma canção composta por Jose Rodrigues Trindade e Luiz Carvalho e, eternizada na voz de Elis Regina, só isso e, nada mais…

         Coisa insólita como a vida nos encaminha para certas mudanças de atitudes, que vimos e vivemos em nossos pais e, hoje, chegam aos nossos dias.

         Buscamos incessantemente a nossa paz (na dita vida útil que dizem e propalam, pois já nos apelidam de uma geração que foi, mas hoje nada mais é, a não ser, caminhantes com seus dias já vividos…e contados”, além de estarmos “sentados num trono de um apartamento… esperando a morte chegar…”).

         Queremos sim uma casa no campo, do tamanho da paz…

Esta adorável e venerada imensidão serena da paz, é reconfortante para a alma e o coração, principalmente quando podemos olhar para trás e dizer: “eu vivi”!

         Thyago um dia me recitou: “Digam em altos brados que vivi, que fui o mais honesto e honrado dentre os valores que aprendi, digam em altos brados que vivi, e que cumpri à risca o que todos esperavam de mim e assim eu existi… Digam em altos brados, que eu vivi.”

“… eu quero o silêncio das línguas cansadas…eu quero a esperança de óculos e os meus filhos de cuca legal…”

Sinceramente? Eu não me importo que digam que já cumpri a minha missão, porque acho que cumpri mesmo, aliás, continuo e vou continuar cumprindo e, exatamente dentro dos preceitos que me foram parâmetros em todos os meus passos, pois foi assim que aprendi desde menino.

         Morrer ou não, é uma questão da Vontade Divina, que ninguém tem o poder de decidir e, enquanto a vida nos é permitida, seguir em frente e dentro de nossos valores, assim será feito e satisfeito.

         Isso é mais do que especial, diria sensacional.

         Ou seja, olhar lá para trás e ver que escrevemos uma história, que deixaremos bons exemplos, que vivemos exatamente dentro dos mandamentos que nos ensinaram, realmente não tem preço.

         Não temos mais a intenção de que tudo isso mude…deixem os carneiros e as ovelhas pastarem na serenidade do alpendre de nossas casas de campo, na paz de nossos sorrisos.

         A mansuetude do dever cumprido nos remete a tudo isso.

         Estamos no tamanho da paz.

         …eu quero uma casa no campo, onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais…

São os momentos divinos, onde nos encontramos com as saudades, com as belas lembranças, os velhos tempos, aqueles mesmos que o novel viajante se entedia, mas que são os regeneradores da brisa leve, a brisa da nova vida.

         “…, mas trago de cabeça uma canção do rádio em que um antigo compositor baiano me dizia, tudo isso é divino, tudo é maravilhoso…”

         Não estamos mais aí para decidir e nem para resolver, estamos muito mais para viver, principalmente o que plantamos, eis a verdade absoluta de tudo aquilo que fizemos.

         Cora Coralina disse: “Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma”.

         Muito embora todos os contratempos que sofri, começo a estar em paz comigo mesmo.

         É a minha alma que sussurra, na brisa leve da paixão que vem de dentro…

         “Quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que não quero mais dramas, conflitos ou estresses…

         Eu simplesmente quero um lugar calmo para viver, um bom copo de vinho e pessoas boas para compartilhar humor…”

         Eu quero uma casa no campo, a minha alma do tamanho ideal, meus amigos do peito, ouvir meus discos, ler meus livros escrever meus devaneios…e nada mais.