Novos tempos

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Agora que estamos saindo do pior momento da pandemia, agora que observamos menos gente internada em UTI sofrendo por causa das complicações causadas pela covid-19, a vida tende a voltar à normalidade.

Muitos problemas teremos pela frente. Essa enorme crise, muita gente passando necessidade. A carestia. Vamos ter que juntar os cacos e fazer tudo de novo. O que já tínhamos e o que não tínhamos ainda.

Com relação à vida em si, precisamos tirar algumas lições. Nos vimos frente um inimigo novo, que não distinguia a quem atacar. Claro, preferia os mais fracos, velhos, com comorbidades, mas também matou gente jovem e saudável. Descobrimos que a intensidade da doença se dava pela debilidade do organismo e também pela intensidade da exposição ao vírus, o que foi a causa do padecimento de muitos agentes de saúde.

Descobrimos que, para nos protegermos, o melhor era manter um certo afastamento das outras pessoas. A principal fonte de transmissão é de pessoa a pessoa, o ar, a saliva, por aí. Higiene passou a ser importante como nunca. Lavar as mãos, álcool, máscara. Nem gripe se pegou nesses dois anos.

Para combater o mal, o ideal era ter o corpo forte. Vitamina D, que o sol dá de graça, bom descanso, capacidade pulmonar. Estar bem alimentado. Coisas básicas e simples. Talvez isso tenha motivado tanta gente a procurar alguma forma de esporte. Os individuais passaram a ser muito prestigiados. Ciclismo entrou em moda. Skate. Caminhar. Coisas simples, agradáveis, baratas e muito saudáveis.

Descobrimos uma coisa importante. Os grandes centros de compras, os shopping centers, eram tudo o que o vírus queria. Ambientes fechados, cheios de gente, sem sol, ar forçado, condicionado, praças de alimentação lotadas e vendendo alimentos não saudáveis. Não foi à toa que esses ambientes tiveram que ser totalmente isolados, e é certo que precisarão de alguns retoques.

Considero, para mim, até uma certa vitória o que aconteceu. Tenho quase que pânico desses ambientes. Não sei definir bem o que me acontece, mas tem a ver com o tipo de piso adotado, que me parece liso, e também com o tipo de iluminação, que me causa desconforto. Não gosto de shopping. Além disso, tenho dificuldades em aceitar que tudo dependa de gastar dinheiro. Sempre foi um problema na minha vida profissional, porque percebi que as tecnologias incorporadas na atividade agrícola, por exemplo, sempre envolviam gastos de dinheiro. Nunca contemplavam soluções baratas. Se não envolvesse comprar alguma coisa, não era novidade.

Então, vendo toda essa gente tentando andar de bicicleta, ou novamente entrar em contato com ambientes abertos, me nutro de esperança. Tomara que toda essa desgraça nos lembre que viver é viver, não precisa gastar dinheiro para ser feliz.