O cerro dos macacos

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De onde vem o nome “cerro dos macacos”, muito utilizado para definir a descida da serra dos Rosas, terminando nas pontes do arroio Abranjo?

A legislação ambiental brasileira protege as APPs, áreas de preservação permanente, situadas nas margens dos cursos dágua, encostas declivosas e outras. Também prevê a conservação de Reservas Legais, que são áreas de utilização limitada com finalidade também de proteger o ambiente natural.

Estudos comprovaram que essas áreas de proteção são fundamentais, mas se tornam muito mais eficientes quando se comunicam entre si, a fim de que a fauna terrestre possa se movimentar. A essa prática se deu o nome de “corredores de fauna”.

Quando o asfalto da RS471 estava ficando pronto, ficaram faltando as pontes do Abranjo. O dinheiro financiado parece que ficou curto. E a estrada não podia ser utilizada. A construção das pontes era cara, porque o órgão financiador, que era internacional, exigia a construção de pontes mais altas que as árvores, por causa dos bugios existentes na região. Sendo as pontes assim elevadas, eles poderiam transitar acima e abaixo nas APPs do arroio sem correrem o risco de ser atropelados na estrada.

Formou-se um movimento defendendo a construção de bueiros, já que o arroio não tem assim tão grande vazão. Seria mais barato e rápido. A argumentação corria mais ou menos assim:

– com tantos problemas que o Estado tem, e necessidade de rodovias, para que perder tempo e dinheiro fazendo obras para os macacos?

O órgão financiador, no entanto, foi irredutível. E, para o bem dos bugios, as pontes foram construídas.

Nesses tempos em que tanto se fala de proteção ambiental, e das consequências desastrosas da falta de cuidado com a natureza, o cerro dos macacos está aí, um patrimônio ao bom senso.