O país do futebol

0
421
Horizontal image of soccer ball and shoes

Naquele jogo do Grêmio contra o Flamengo, pela copa do Brasil, era visível a irritação do centroavante Luis Suarez. Irritado com o jogo, com a bola que não chegava, e a catimba dos jogadores adversários, principalmente do Gabi Gol, centroavante carioca.

O Suarez é jogador de seleção, do Barcelona, e tem um time de Miami correndo atrás dele. Lá, muito dinheiro espera por ele, bons companheiros e jogos praticamente de exibição. Aqui, muitos jogos, ruins, e toma muitos pontapés. Já deve estar meio arrependido de ter vindo jogar no Grêmio.

É uma situação humilhante para nós, gremistas, e para o resto do Brasil também. Já fomos o país do futebol, temido no mundo. Hoje em dia, porém, temos campeonatos meia-boca, times que não conseguem vencer os europeus, uma seleção que não motiva ninguém. E os melhores jogadores são atletas praticamente em fim e carreira, que jogaram fora e não conseguem mais desempenhar por lá, como nosso centroavante. Ou outros como esse Gabi Gol.

Se o Gabi Gol é bom, porque não joga na Europa?

A verdade é que o futebol brasileiro perdeu o encanto. Até o Marrocos vai melhor que nós na copa do mundo. Deve haver uma razão para isso. Ou mais de uma.

Uma delas é que os jovens que se destacam por aqui são logo vendidos para clubes europeus. Perdem a identificação com o Brasil. E os torcedores brasileiros não os identificam.        O futebol mudou, a organização tática e o preparo físico tornaram-se mais importantes que a habilidade com a bola. Por isso o Marrocos é melhor que o Brasil.

Mas tem outra coisa, essa sim dolorida. O Brasil não é mais o país do futebol. A gente nem percebe, mas não vê mais a gurizada jogando bola na rua. O futebol é um jogo fácil. Praticamente qualquer coisa meio redonda pode ser bola. Até papel amassado. Qualquer coisa pode ser goleira. Chinelo, sapato, pasta do colégio, tijolo. Dois jogadores fazem gol-a-gol. Três, meia linha. De quatro em diante, forma times. Joga-se de chuteira, tênis, sapato, chinelo e de pés no chão.

Por isso, se via futebol em qualquer lugar. Mas não se vê mais. Esse futebol de rua dava alma ao estilo brasileiro. Que desapareceu, porque ficar na rua ficou perigoso. Para completar, a CBF está contratando um treinador europeu para a nossa seleção. O que significa que vamos tentar jogar como eles. Como os jogadores estão todos lá, talvez até os treinos sejam lá mesmo.

O Brasil não é mais o país do futebol.