Que ogo?

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1933

– Tchê, que frio. E que baita geadão. Chega a doer o dedos.

– Mas é verdade. Faz um fogo no à lenha, vamos tomar um mate. Liga o rádio aí, pra ver como vai o mundo.

(No rádio). “O ministro Alexandre de Moraes, do STF,  foi hostilizado num aeroporto em Roma. Há suspeita de agressões verbais e físicas….”

– Esse aí é aquele que chamam Xandão? Será esse o mesmo que tem um campo aqui na Encruzilhada?

– Que campo na Encruzilhada?

– Ali, aquelas uvas na frente dos fuca.

– Mas que fuca?

– No asfalto, rapaz, quem vai pra Canguçu, perto da entrada do passo novo, antes dos eucalipto. Tem umas lavouras ali.

– Tu quer dizer os Fucks? Tchê, efe, u, cê, cá, esse. São uns alemão que plantam soja ali.

– Esses mesmos. Te achou. Pois ali na frente não tem umas uvas? E não são do Xandão? Pois esse que perguntei se não é o mesmo esse que atacaram, como disse aí no rádio.

– Bah, rapaz. Te perdeu de novo! Não é Xandão, é Chandon. Cê, agá, a, ene, dê, o, ene. É uma firma estrangeira, seu. Uva fina, pra fazer umas champanha.

– Ah.

– Bah.

– Então acho que não é.

– Claro que não é.

– E o homem, o Xandão esse. Será que deram nele mesmo?

– Isso eu não sei. Pode ser. Ou não. Essa turma aí é complicada.

– Então melhor que o campo não seja dele mesmo.

– É verdade essa também. E o fogo?

– Que ogo?