A realidade é confusa

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Já estou ficando meio veterano, mas procuro levar a sério meus compromissos, desde que resolvi ser alguém na vida. Pagar as contas, andar dentro da lei, essas coisas. E me guiei por esses princípios porque considero ser a melhor maneira de levar a vida. Entendi que existem normas que regem a sociedade, e que cumpri-las seja a base da liberdade. Como sempre ensinaram, a minha liberdade termina onde começa a do outro.

Confesso que tenho cá minhas dificuldades de entender muitas leis e também de entender como funciona a democracia no Brasil. Na minha cabeça formar-se-iam partidos, cada um deles defendendo uma ideologia ou corrente de pensamento. Lançariam candidatos que, eleitos, formariam os poderes legislativo e executivo. Uns executando e outros fiscalizando e fazendo as leis que precisamos cumprir. Além deles, teríamos outro poder, o judiciário, que faria cumprir a lei.

Mas na minha cabeça, as coisas estão confusas. Partidos não possuem limites. Quer dizer, o cara defende uma coisa hoje e outra amanhã. Muda-se de partido como de camisa. Inimigos de ontem são os amigos de hoje. É possível um sujeito acusar o outro, na frente da televisão, das coisas mais horrorosas possíveis e depois, por razões que a própria razão duvida, abraçar e jurar amor eterno.

O executivo é o poder que conduz a nação, mas as comunidades recebem investimentos por emendas dos parlamentares. Assim, deputados e senadores são eleitos não porque fazem leis e fiscalizam o presidente, mas porque trazem dinheiro para obras, saúde, educação e tantas demandas que os rincões possuem.

Confuso. O judiciário, agora, faz leis. Aliás, o Brasil é um país rico em leis. Já o cumprimento delas s]ao outros quinhentos. Por exemplo, está proibido entrar na cabine de votação com o telefone celular. Provavelmente para evitar que se fotografe a urna. Então, é preciso deixar o celular numa mesinha, desligado. Senão, não vota. Bem, penso em duas situações. A primeira, o eleitor não leva celular para votar. O mesário pode desconfiar que está escondendo. Mas não é permitido ao mesário revistar o eleitor. Será necessário chamar um policial para verificar se o eleitor não está mentindo. A segunda situação, claro, é a do eleitor que levar dois celulares. Quem confere? Para que uma lei dessas?

No fim, é isso. Como dizia o filósofo, “bosta de rainha é igual a minha”. O povo vê o que é mostrado. O exemplo da elite que conduz a nação é visível. Democracia, idealismo e ideologia é uma coisa. Usando um termo talvez não muito correto, o que temos é um jogo. O eleitor vê e vota pensando em si, nos seus e na sua comunidade. Quem poderá dizer que está errado?