A vida não é um jogo

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O colapso do submersível Titan foi uma coisa horrível. O negócio “explodiu para dentro” numa fração de segundo. Os ocupantes se desintegraram tão rápido que nem perceberam o que aconteceu. Depois da tragédia, as explicações: não tinha aprovação de nenhum órgão de controle porque ninguém aprovaria uma máquina daquelas. Mas acabou sendo usado porque o lugar em que o Titanic afundou são águas internacionais, onde nenhum país dita normas.

Os ocupantes eram todos magnatas a procura de aventura e ineditismo. Pouquíssimas pessoas viram o naviozão afundado, de perto. Poucas verão, no futuro, porque agora não vai ser fácil outro submarino desses ir lá.

Isso tudo está no jornal. A pergunta que fica é, afinal, qual é a graça disso? O que tem de interessante no navio afundado há mais de cem anos? O Titanic já foi um monumento à soberba, e de novo os caras vão lá, e morrem de novo.

Pois é.

Acho que faz parte do amadurecimento da pessoa perceber o quão delicada é a vida. O fato narrado, do submergível, me fez lembrar alguns amigos que perdi na adolescência. Mortes trágicas. Hoje, maduro, entendo que não pensávamos nisso. Corríamos riscos. Alguns demais, ou não tinham quem impusesse limites, ou tinham o anjo da guarda distraído. É uma sorte continuarmos vivos, os que estão. Porque para continuar vivo é preciso cuidado e sorte.

Talvez, a esses milionários falecidos, tenha faltado o cuidado. Quem sabe, graças a sua riqueza e capacidade de enfrentar desafios empresariais, tenham esquecido a preciosidade e o ineditismo da vida. Como a meus amigos adolescentes. Para quem tem menos cuidado, a sorte passa a ser mais importante. Como num jogo. Amadurecer então significa aprender que a vida não é um jogo.

Donde se conclui, que as coisas são assim mesmo. Tem gente que nunca vai amadurecer.