CISMAS l Mãe é mãe

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        Dia desses, meu dileto amigo José Eli, me manda pelas redes sociais essa definição: “Na minha época influenciador era meu pai, minha mãe e meus professores…”

        Ao que, de pronto, lhe respondi, tentando completar a frase: “…e a cinta do pai e o chinelo da mãe…”, que davam o Norte para a nossa educação e formação de nossas personalidades.

        Nem por isso ficamos traumatizados, ao contrário, aprendemos e muito bem o que era o certo e o que era o errado, sendo que daí para frente, o livre arbítrio levou-nos a escolher os nossos próprios caminhos.

        Nada era mais temido do que a cinta do seu Chico Carretta e o chinelo, que também era do seu Chico Carretta, mas era a Dona Iolanda que empunhava-o.

        Mãe é mãe, vocês vão compreender…

        Sempre que saíamos para fazer uma visita na casa de quem quer fosse e, naquele tempo, é verdade sim, a gente fazia visita na casa dos parentes, da vó e do vô, dos amigos do pai e da mãe…sim, é verdade, as pessoas se visitavam e, quase que sempre à noite, pois a cinta do seu Chico Carretta ficava atrás da porta de entrada da casa, como se fosse um “preventivo” …sabem bem como é…

        Invariavelmente, ela estava no cós das suas calças, mas, em caso de necessidade, ela pulava dali como num passe de mágica e… bem, daí a coisa complicava por demais…

        Como as coisas marcam…ela era marrom, de fivela quadrada em cor prateada, largura média e com algumas marcas do tempo, ou seja, o couro já demonstrava um certo uso, mas, para a finalidade a que ela tinha para conosco, era muito temida.

        E não adiantava fugir, que era sempre o que fazíamos num primeiro momento, pois o encontro com ela, a cinta, nunca ficava sem efeito, se é que me entendem…

        Já com a Dona Iolanda, a coisa era diferente.

        Se a coisa chegasse ao ponto de um corretivo mais contundente, lá estava à sua disposição um chinelo, que também era do seu Chico Carretta, porém um chinelo macio, de cor amarronzada, com palmilha de veludo (eu acho) e acolchoado com algodão, pois nem tenho ideia de que material era feito essa palmilha e, um solado fino de borracha, bem maleável.

        Ou seja, um corretivo para não doer “nadica” de nada, tenho certeza absoluta.

        Quando o dito chinelo chegava em nós, o vento deslocado pelo impulso entre a distância que foi elevado até a nossa “zona sul”, já tinha amenizado todo o seu impacto.

        Por isso que eu disse: mãe é mãe.

        Tenho absoluta certeza que ela sabia disso e, portanto, as suas intervenções corretivas nada mais eram do que simbólicas, talvez até mesmo para engambelar o seu Chico Carretta.

        Era fazer qualquer traquinagem, desobedecer ou responder um pouco mais alto para quem quer que fosse e a cinta ou o chinelo entravam em cena, sem sombra de dúvidas.

        Seu Chico Carretta, sempre foi pelo mais correto em todos os seus momentos e, a nossa educação era uma das suas mais ferrenhas metas.

        Não tenho saudades da sua cinta, se bem que ela foi um importante “método” na nossa formação, como também o chinelo macio da Dona Iolanda, os quais não nos deixaram traumas e nem resquícios de outros sentimentos a não ser o grande amor que tivemos e ainda temos por eles.

        Pai é pai, mas mãe é mais mãe…