Impunidade

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Passaram-se dez anos do incêndio na boate Kiss, mas ninguém foi responsabilizado. A bem da verdade, aconteceu um julgamento e três pessoas foram consideradas culpadas: dois proprietários e a pessoa que comprou as bombinhas usadas pela banda, que causaram o incêndio. Todavia, o julgamento foi anulado.

O incêndio foi uma tragédia. Morreram muitos jovens, de forma horrível. Somaram-se negligências e más condutas para o ocorrido. O mal nunca poderá ser revertido. O que a sociedade espera, com justiça, é que as coisas se esclareçam, e que haja punição dos culpados.

A punição aos culpados, dentro das normas da lei, traria um mínimo de conforto aos familiares das vítimas e um pouco de esperança de que não se repita essa tragédia. Além disso, os culpados, uma vez pago seu débito com a lei e a sociedade, poderiam seguir com suas vidas, até onde suas consciências permitissem.

Mas nada disso aconteceu. Fico pensando com meus botões, se os culpados tivessem sido julgados e condenados com alguma celeridade, talvez até já estivessem recebendo progressões de pena ou algum outro beneficio.

Mas ninguém foi condenado. Todo mundo sabe das culpas, incompetência, negligencia dos órgãos fiscalizadores, má conduta dos responsáveis. Além do material proibido que foi usado lá, não havia aberturas para ar, e a saída das pessoas foi dificultada porque se temia falta de pagamento.

Teria sido melhor que os culpados assumissem suas culpas. Pagassem o que devem. Suas almas talvez tivessem um pouco de sossego. Seria um alento para os pais que perderam seus filhos. Conforto e segurança para a sociedade.

É natural querer esconder a culpa. Advogados tarimbados conseguem criar desvios e desvios até que nada seja apurado, nem julgado. Quanto custa isso? Muito caro, certamente. Quem ganha e quem perde com isso é evidente. Como resultado, quanto inescrupuloso deve pensar, baseado no desfecho desse caso, que pode colocar tanta gente em risco, pois “nunca dá em nada”.

Deveríamos ter vergonha disso.