Calixcoca

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No site do Correio do Povo ouvi uma entrevista muito interessante com o professor Frederico Garcia, pesquisador da UFMG. Ele e sua equipe estão desenvolvendo uma vacina contra os efeitos da cocaína.

Chama-se Calixcoca.

Segundo o professor, estima-se em um milhão de dependentes da coca. No Brasil. Quantidade que está crescendo, porque o consumo da droga está aumentando. Ainda de acordo com o professor, soma-se nessa estimativa a cocaína e o crack, que são produtos da mesma fonte. O professor informou que, no Brasil, entre 2017 e 2022, a quantidade de drogas apreendidas dobrou em quantidade.

O consumo dessas drogas causa dependência química. Aconselho aos leitores que tiverem interesse em entender a forma como age a dependência a ouvir a entrevista. O acesso é gratuito. A dependência química é um flagelo para o consumidor e as pessoas que o cercam. E atualmente, com os métodos existentes de abordagem do problema, a melhora dos dependentes é muito lenta, cara e com baixo percentual de sucesso.

Pelo que entendi, a vacina age de duas maneiras. Primeiro, ela se mistura com as moléculas da droga e produz uma molécula muito grande, que não consegue passar uma barreira que o cérebro possui contra essas moléculas grandes. Assim, o efeito da droga é reduzido. Além disso, age nos mecanismos de recompensa do cérebro, aliviando os efeitos da compulsão no uso da droga.

Não é um produto milagroso. Mas, de acordo com o entrevistado, será o primeiro produto com efeito considerado eficiente na diminuição da catástrofe causada pelo uso dessas substancias.

Tem um filme na Netflix, acho que chama “Feito na América”, que mostra o início da expansão dos cartéis colombianos, criando rotas de envio de quantidades enormes de cocaína para os EUA. Era o ano de 1980. Fico impressionado em perceber como é recente esse negócio todo. E incontrolável. Talvez por causa da enorme dependência causada pelo consumo. O professor Frederico informou que um em cada quatro usuários regulares cria dependência.

E aí está. Parece ser impossível controlar o avanço das drogas na população. A ciência, então, procura alternativas. Acho essa muito esperançosa. Uma vacina que ajude as pessoas a não sofrer tanto com isso. Como um vírus, e a pandemia de Covid-19 foi um exemplo claro. Não é possível conter sua disseminação, mas é possível conter seus efeitos. Torço por isso.